- TENDA

tenda dos Milagres

Na Tenda dos Milagres , na ladeira do Taboão, em Salvador, onde o amigo Lídio Corró mantém uma modesta tipografia e pinta quadros de milagres de santos, o mulato Pedro Archanjo atua como uma espécie de intelectual orgânico do povo afro-descendente da Bahia. Autoditada, seus estudos sobre a Herança cultural Africana e sua defesa entusiástica da miscigenação abalam a ortodoxia acadêmica e causam indignação entre a elite branca e racista.

A história é contada respectivamente, em dois tempos. Em 1968, a passagem por Salvador de um célebre etnólogo americano admirador de Archanjo desencadeia um revival de sua vida e obra. Para a comemoração do centenário de nascimento do herói redescoberto, arma-se todo um circo midiático.

 

Contrapondo-se a essa apropriação política da imagem de Archanjo, sua trajetória é narrada paralelamente como foi preservada na memória do povo: os amores, as polêmicas com os luminares da universidade e os confrontos com a polícia.

 

Ao contar a história desse herói complexo, também conhecido como “Ojuobá, os olhos de Xangô”, Jorge Amado traça um painel da cultura negra baiana e de sua resistência contra a repressão violenta que foi submetida nas primeiras décadas do século XX, resgatando e exaltando manifestações como o candomblé, a capoeira, os afoxés e o samba de roda.

 

Escrito em 1969, com a verve e a sensualidade habituais do escritor, tenda dos Milagres atesta seu amor à cultura afro-brasileira e seu humanismo radialmente libertário.

 

O livro foi adaptado com sucesso para o cinema, por Nelson Pereira dos Santos, e para a televisão por Aguinaldo Silva como minissérie da Rede Globo.

 

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